terça-feira, 15 de abril de 2008

Rosas, lazer e prazer

Rosas, lazer e prazer

(anos 80)

Me disseram que as rosas não contam

Não contam porque nem espantam o frio

Nem matam a fome

Me disseram que as rosas são supérfluas

E que por isso

Não é preciso o povo ter jardim

Pra poder planta-las

E nem um salário suficiente

Pra poder compra-las

Me disseram que o lazer não conta

Não conta porque nem espanta o frio

Nem mata a fome

Me disseram que o lazer é supérfluo

E que por isso

Não é preciso o povo ter tempo

Pra poder curti-lo

E nem direitos

Pra poder exigí-lo

Me disseram que o prazer não conta

Não conta porque nem espanta o frio

Nem mata a fome

Me disseram que o prazer é supérfluo

E que por isso

Não é preciso o povo ter condições

Pra poder vive-lo

E nem sabedoria

Pra poder valoriza-lo

Me disseram tanto, tanto

Mas não me provaram nada

Pra mim

Continua assim

Que também as rosas

O lazer

E o prazer

Espantam o frio

E matam a fome

O frio de uma vivência inerte

E a fome por uma vida abundante

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